As palavras são bens simbólicos carregadas de afetos


Contar nossas histórias e as de cada um, além de registrar com fotografias nossos álbuns de família, é a melhor qualidade de amor que podemos deixar para nossos filhos e netos (Foto: Rawpixel/Banco de Imagens)
Rubem Alves já nos alertava sobre a importância da palavra na nossa educação e na formação das nossas subjetividades: “Educar é um processo mágico pelo qual a palavra desperta no corpo os mundos adormecidos. Nossos corpos são feitos de palavras, e essas palavras são marcadas pelos olhos dos avós, dos pais, dos amigos, dos livros…”.
Confirmamos com o poeta e psicanalista, mas somos enfeitiçados pelo apelo dos bens materiais que se perdem com o tempo – ou melhor, são esquecidos.
Os bens simbólicos, esses, ficam na memória através dos nossos atos, registros e atitudes.
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Por exemplo, os álbuns de retratos dos filhos são inesquecíveis e hoje estão correndo o risco de desparecer por alguns pais que vivem só no mundo virtual. O privado o íntimo perderam o valor do pertencimento em família, quando os registros fotográficos só aparecem nas redes sociais.
As fotografias são também palavras. Como é doce rever fotos do seu nascimento, das festas em família… As fotografias na parede eram quase obrigatórias nas casas de nossos avós. Cada foto tem uma história, um sorriso, uma alegria e/ou raiva também. Sempre eram revisitadas e emocionavam a cada novo olhar. São esses e outros pequenos bens simbólicos, que montam o arcabouço afetivo de cada um e nos fortalece para enfrentar os preconceitos, as rejeições e os desamores da vida.
Viver não é fácil. E viver sem bens simbólicos é mais difícil ainda.
A memória é um dos maiores bens simbólicos, e ela é construída coletivamente. Já nascemos com uma memória herdada dos nossos ancestrais.
Contar as nossas histórias e as de cada um, além de registrar com fotografias nossos álbuns de família, é a melhor qualidade de amor que podemos deixar para nossos filhos e netos.