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Geração Xmais Por Geração Xmais

Geração Xmais passeia pela Bienal Pernambuco e conversa com escritores (Foto: Jerônimo Poggi)

Geral, publicado em 31/10/2019

Produção de Anamélia Poggi e Liliane Longman, sócias da Geração Xmais

O tema da 12ª Bienal Internacional do Livro de Pernambuco (Histórias para resistir: como a literatura continua viva?), realizada entre os dias 4 a 13 deste mês, foi instigante para nos guiar nas entrevistas dos nossos escritores 60+ e parabenizar a resistência de Rogério Robalinho, sócio-diretor da Cia de Eventos, produtora da Bienal Pernambuco, na realização desse evento.

Andamos pelos corredores acompanhando o colorido dos livros, das revistas, das editoras e livrarias da nossa cidade. A festa era de todos: dos alunos das escolas, das professoras e dos autores de livros que eram anunciados a cada 30 minutos. Nós, leitores fervorosos, estávamos ali, para nós mesmos, representando uma geração em que o livro era (e é!) um objeto de valor e revelador das intuições complexas sobre o mundo.

Numa série de fotos abaixo, compartilhamos com vocês os depoimentos dos escritores do Boa Prosa:

Fotos: Jerônimo Poggi/Geração Xmais

Depois de circular e rever amigos, deparamos com um banner que nos tocou de imediato pela estética e pelo nome: Edições Pirata, 40 anos. “Aqui é o nosso lugar!”, falamos. Pedimos licença e nos apresentamos como representantes da Geração Xmais, e Juareiz Correya nos recebeu cordialmente, revelando as primeiras publicações expostas e as memórias de uma editora que “não fazia juízo de valor do texto a ser publicado ”. Começamos a conversar sobre o significado da comemoração desses 40 anos.

Essa editora pirata artesanal, que tinha por definição “colocar em letra de forma, sobriamente, a voz das gerações engavetadas”, lutava pela liberdade num tempo de repressão. No manifesto de 1980, propunha “um produto artesanal, remédio contra a pose do intelectual”.

Fotos: Jerônimo Poggi/Geração Xmais

Concordamos que o tema desta 12ª Bienal Pernambuco era pertinente não só no resgate das histórias de resistência, como a revitalização da Edição Pirata, mas principalmente a falta e a escassez de leitores de livros.

Como seduzir um público sedado por uma satisfação imediata de que há, sim, prazeres maiores nos livros? Como convencê-los de que, para desfrutar os livros, é exigido mais trabalho para pensar e reflexionar?

Fotos: Jerônimo Poggi/Geração Xmais

Nestes últimos 40 anos, agravados com a comunicação da internet e redes sociais, é visível o declínio do livro, beirando até a sua extinção. Temos consumidores cada vez mais preguiçosos, cada vez mais sequiosos de um prazer fácil, repetitivo e que não envolva maiores esforços. Alguns nem se dão mais ao trabalho de ler até as mensagens dos celulares, que tenham mais de 100 palavras. Há que resistir!

Confira a galeria de fotos durante a nossa visita à Bienal Pernambuco:

Fotos: Jerônimo Poggi/Geração Xmais

Confira também o depoimento da escritora Cristina Carvalho:

“Aos 69 anos, lancei meu primeiro livro: Pedaços de Mim. Poesias. Sou associada Efetiva da União Brasileira de Escritores (UBE) e participei da 12ª Bienal do Livro de Pernambuco. Faço parte do Rotary Club Recife Espinheiro e sou governadora assistente do Distrito 4500 do Rotary International. O que representa pra mim tantos ganhos nesta altura da vida? Que continuo viva, com sonhos e expectativas, com muitos horizontes e disposição renovada para buscá-los. O mais importante pra mim é continuar caminhando, cheia de energia e vitalidade, feliz e inteira, com muitos planos para o hoje e para o futuro. A vida pra mim tem se renovado e vou me reconstruindo e renascendo com novos projetos de vida. A idade??? Nem lembro dela.”

Veja o depoimento da médica oftalmologista Diana Bezerra, organizadora da Confraria das Artes:

“Sempre gostei de ler e de ser devoradora de livros. Meu pai também era médico e escritor. Tudo isso me fez guardar o desejo de ter um grupo para debater literatura. Há dez anos, então, tirei um momento para efetivar esse desejo. Começamos com 15 mulheres. Escolhíamos um livro para ler e, em seguida, debater o conteúdo. Depois, esse grupo se tornou maior e passou a se chamar Confraria das Artes. Estamos na 60ª edição de encontros, com leitura e debates de clássicos franceses, por exemplo. O grupo é uma viagem não só pela literatura, mas pelas artes também. Fazemos visitas a exposições, a casas-museus… São, ao todo, 80 pessoas inscritas. Cerca de 60 delas participam ativamente das reuniões, que são itinerantes, acontecem mensalmente ou a cada um mês e meio. São momentos que têm trazido muitas alegrias e depoimentos de pessoas com vida intelectual. Por isso, a Confraria das Artes é um divisor de águas na vida de muitos.”

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