Evoé, Geração Xmais!

Liliane Longman Por Liliane Longman

Geração Xmais desponta com encontros que se somam a programações tradicionais desta temporada carnavalesca (Foto: Jerônimo Poggi/Geração Xmais)

Geral, publicado em 5/02/2020

Este grito festivo, que no tempo antigo se evocava Baco, será o nosso para celebrar os Carnavais dos foliões e poetas do passado e do presente, com o 1º Baile de Carnaval da Geração Xmais.

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No Carnaval, tudo é inspiração: suas cores, brincadeiras a liberdade, a fantasia, a música e a poesia.

Difícil é sair do lugar comum. Tomarei cuidado para não repetir as dezenas de adjetivos para descrevê-lo.

Vou tentar, com um assunto mais digno de ser abordado, levantando as memórias de alguns dos nossos poetas para perguntar a “eles” e a vocês: “Qual foi seu melhor Carnaval?”.

Para nossa Chiquinha Gonzaga, arrisco o ano de 1899 como seu melhor Carnaval. Com a sua genialidade, antecipou-se e lançou a primeira música desse gênero com sucesso por 20 anos:

“Ô abre Alás; que eu quero passar

Eu sou da Lira/não posso negar.

Rosa de Ouro/ é quem vai ganhar”.

Manoel Bandeira, além de poeta, tocava piano e violão. Difícil saber qual o melhor Carnaval, porque seu primeiro livro foi “Carnaval”. Refletem e afloram os sentimentos de liberdade, mas principalmente os de melancolia com seu Pierrot e de tristeza no “Poema da Quarta-Feira de Cinzas.”

Já Clarisse Lispector, mais fácil. Descreve nas suas crônicas a emoção de ter recebido as sobras de papel de crepom e feito uma fantasia de rosa que sempre quisera:

O Rei Momo melhor para Lima Barreto, apesar de carregado de culpas pela “miséria do País e do mundo”, foi de 1915. Arrependeu-se e reconheceu (…) precisamos desses videntes de satisfação e prazer; e a irreverência da sua alegria; a energia e atividade que põem em realizá-la.”

Já Vinícius de Moraes, no “Soneto de Carnaval”, é difícil saber. Chora o “amor como um patético tormento”.

Drummont, no seu poema “O homem e seu Carnaval”, em 1934, começa clamando: “Deus me abandonou no meio da orgia”. Coitado, ficou perdido entre as “baianas e egípcias e nas cores e batuques dos pandeiros, e na dor do peito das antigas namoradas”… Que belo Carnaval!

Para mim, vivo o agora: meu Carnaval inesquecível. Inspirada nos antigos poetas e compositores, mas também nas amigas e amigos carnavalescos com mais de sessenta anos.

Elegi as mineiras e autoras de Trombeta. Nas entrelinhas da sua marchinha de Carnaval, nos alertam para os cuidados e limites da nossa liberdade.

“Eu, mocinha de sessenta, adoro chá!

De limão, camomila e chá de menta.

Mas peguei a folha errada no quintal

Nunca bebi nada igual

Por favor não experimenta”.

Evoé!

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