Geração Xmais visita a expô ‘Iorubá: raízes africanas’ para compartilhar arte e sabedorias

Sempre no fim do ano, as alunas de Marisa Varella e sua filha Elúzia Varella organizam uma exposição dos trabalhos realizados durante o ano. São pinturas temáticas de porcelana, revividas nesta arte milenar. Este ano desenharam e pintaram inspiradas no poeta africano Morgado Mbalate, descoberto pela aluna Clara Bahia: “Quando meu sonho me ilumina, eu escrevo a África” / “Minha alma é atravessada por imensos rios”…

Marisa Varella, como professora, e Analúcia Longman, como aluna, estão juntas nesta oficina por mais de 23 anos, aprendendo e se deixando ensinar. Parece que se passaram muitos anos, mas a memória delas ignora. Tudo acontece (aconteceu) hoje e ontem. É certo: o que amamos fica na eternidade.

Confira a galeria de fotos (parte 1):

Para as alunas Gerusa Araújo, Liana Pascal, Celina Aguiar, Clara Bahia, Ada Neusa e Analúcia Longman, há uma cumplicidade nas conversas entre as elas, das horas antigas passadas e, de repente, sempre aparece uma nova história, recontada e revivida nas tintas das porcelanas. Analúcia reforça esses encontros afirmando que “a arte faz bem a alma. Pintar faz parte da minha vida.”

A professora Marisa, com seus 78 anos, confessa que, ao deitar para dormir, fica a saudade da alegria das horas passadas juntas com as amigas da porcelana, mas logo a tristeza se acalma porque sabe que as coisas da felicidade irão voltar. Como expressa Celina, “fazer arte é brincar de colorir a vida e, neste curso com Marisa, representa qualidade de vida”.

Confira a galeria de fotos (parte 2):

As porcelanas, as alunas e a professora se confundem na mesa. Cada uma tem o que falar e descobrir. Conhecem os mistérios da sabedoria e da arte que é degustar: experimentar sabores e saberes. Dizem que, no Paraíso, só existia estética sem julgamentos. Ali, naquela pequena sala, a palavra de cada uma é compartilhada, e a arte delas se confunde com a vida de beleza e a dedicação. Não está em questão se o tempo será longo ou curto – ou se o tempo curto poderá ficar longo. O tempo não existe onde há aconchego e conforto. Acho mesmo que as artistas são possuídas só de beleza e doação, capazes de pincelar em cada porcelana um sabor que vai nos dar mais beleza e alegria.

Nestas exposições anuais, penso que o universo inteiro conspira para um destino de compartilhamento de novas e antigas amizades, em cada porcelana desenhada.

Assista ao vídeo com Marisa Varella, 78 anos:

Como diz o poeta africanês, “a maioria dos rios da África nasce no planalto dos olhos. Por isso, eu caminho de mãos dadas”…

Saiba mais

A 26ª Exposição de Pintura Contemporânea em Porcelana Profª. Marisa Varella vai até o dia 1º de dezembro no Museu do Estado de Pernambuco, que fica na Avenida Rui Barbosa, 915, no bairro das Graças, Zona Norte do Recife. Horários: de terça-feira a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 16h30; sábados e domigos, das 14h às 16h30.