Os caminhos de Mirian Goldenberg para inventar uma ‘bela velhice’


Mirian Goldenberg mostra que é possível experimentar o processo de envelhecimento com beleza, liberdade e felicidade (Foto: Divulgação)
Aqui apresentamos um resumão do livro A bela velhice (Editora Record, 128 páginas, 2013), escrito pela antropóloga Mirian Goldenberg. Nas páginas do ensaio, ela mostra que é possível experimentar o processo de envelhecimento com beleza, liberdade e felicidade.
Foram mais de 25 anos de pesquisas sobre as mulheres e os homens brasileiros que desafiaram a antropóloga a buscar os caminhos para inventar uma “bela velhice”. Com base em depoimentos e pesquisas aprofundadas, mas sem abrir mão de ser acessível para o público, leigo, cada capítulo do livro aborda as ideias mais importantes para a conquista de uma “bela velhice”, com dicas simples como aceitar a própria idade e dar muitas risadas.
O livro é dedicado a todos os interessados em construir um projeto de vida para uma “bela velhice”: os velhos de hoje e os velhos de amanhã.
Confira abaixo os destaques da obra de Mirian, a partir da visão de Simone Gueiros, uma das cinco sócias da Geração Xmais
Você acredita que é importante ter um projeto de vida para envelhecer bem?
É preciso encontrar significado para continuar vivendo.
É preciso compreender o significado da própria existência para construir um projeto de vida.
Para você o que significa envelhecer?
A velhice deveria ser planejada com antecedência emocional, física e financeira.
Importante ter o direito de envelhecer com liberdade, dignidade e felicidade.

Você tem medo de envelhecer?
A maioria tem medo das doenças, limitações físicas, dependência, dar trabalho aos outros, perder a memória, solidão, abandono, falta de respeito, falta de dinheiro e morte.
Você acredita que está vivendo o melhor momento de sua vida?
Antes era o tempo da obrigação; agora é o tempo da vontade.
Não é o melhor momento porque se envelheceu, mas é o melhor momento porque existe a liberdade para ser “eu mesma”.
Você deixaria de usar algo porque envelheceu?
As mulheres deixam de usar muitas coisas e os homens não.
Há uma opinião que envelhece mal quem nega a idade e se passa por jovem.
No Brasil, há uma extrema valorização da beleza e da juventude.
As mulheres que sabem valorizar outros capitais, além da beleza, consideram que o envelhecimento pode trazer ganhos, realizações, descobertas e conquistas.
Idade rima com maturidade, serenidade, autenticidade, reciprocidade e dignidade.
Existe uma conspiração em silêncio que isola o idoso, o ignora, o despreza, o estigmatiza e o abandona.
É importante aprender a dizer não e a priorizar a saúde e as amizades.
As mulheres idosas tendem a ser muito mais perfeccionistas, insatisfeitas, críticas, ocupadas, preocupadas, estressadas, inseguras e gostariam de ser mais felizes, leves e divertidas.
A libertação na velhice é essencialmente feminina. Os homens se tornam mais afetivos, caseiros e dependentes da família. Mulheres maduras expressam a felicidade pela liberdade que conquistaram. Deixam de existir para os outros e passam a existir para si mesmas. É uma verdadeira libertação aprender a agradar a si mesma.
A construção de “uma bela velhice” depende da sensação de segurança (dinheiro, família, trabalho) e de liberdade (fazer o que deseja, não dar satisfação aos outros, rir de si mesma, não viver para agradar os outros).
Idoso que mora sozinho no Brasil significa abandono, desamparo, fracasso e não há a noção do querer/optar por viver só.
Os amigos são a melhor companhia na velhice.
A vida é uma sucessão de perdas e ganhos.
O significado da vida é único e próprio para cada indivíduo.
O idoso não quer se aposentar de si mesmo.
Passos para uma “bela velhice”:
– Encontrar um projeto de vida
– Buscar o significado da própria existência
– Conquistar a liberdade e almejar a felicidade
– Cultivar as verdadeiras amizades, viver o presente, aprender a dizer não, respeitar a própria vontade, vencer os medos, aceitar a idade e dar risadas