‘Reafirmamos o compromisso de ter dado um passo a mais; o mesmo passo com que se recomeça’


Nós, os idosos, temos fome. É a fome de saber, a fome de mudar nossas cabeças, a fome de celebrar nossas ações, nossos compromissos, nossos sonhos (Foto: Freepik/Banco de Imagens)
“Nasceu uma criança entre nós.”
Essas palavras com as quais os evangelhos anunciaram a “boa nova”, no entender de Hanna Arendt, é a melhor síntese e modo sucinto e glorioso, de expressar a fé e esperança no mundo. Eu acredito e tenho fé que um novo tempo se apresenta para todos nós. Não um tempo velho e de velhices, mas um tempo de mais esperança, de mais solidariedade.
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Apesar de ouvirmos sempre os desânimos diante do mundo, nós cinco (Ana, Célia, Cecília, Simone e eu, Liliane), assim como a nossa colaboradora Cinthya, estamos a construir um novo amor. Nunca nos perguntamos qual partido ou ideologia de cada uma, mas sempre nos perguntamos, uma às outras, qual o novo sentido que queremos dar a nossas vidas e – quiças – à de outros também.
A vulnerabilidade estava e está sempre presente, mas a vulnerabilidade construída na coragem de quem se arrisca a descobrir e buscar algo novo, algo único, pelo menos para nós. Não nos importa respostas prontas; acho até que as respostas são próprias dos bobos… Mas sempre estamos levantando perguntas e principalmente nos perguntando se juntas poderemos construir mais sentido nesta vida e na nossa vida.
Entendemos de imediato que a nossa velhice pode ser um tempo de construir mais histórias e principalmente um novo humanismo, um novo amor a nós humanos. Nós temos uma amizade direta, sem intermediários. Com isso, construímos um novo laço social de solidariedade para construir essa nova história, esse novo amor com a vida.
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Aqui, agora, através das nossas primeiras ideias da Geração Xmais, vamos nos implicar mais uma vez na maior bandeira que realmente vale a pena: os seres humanos, mais ainda, nós humanos idosos.
Nós, os idosos, temos fome, a fome de saber, a fome de mudar nossas cabeças, a fome de celebrar nossas ações, nossos compromissos, nossos sonhos. Queremos fazer um pacto social de responsabilidade e criatividade para nos enriquecem tomando a vida como um desafio, uma construção, uma celebração permanente.

Precisamos celebrar a vida, precisamos celebrar os bons momentos que construímos na vida. Viver é dizer sim à vida, é acreditar que na nossa capacidade de amar e de fazer amigos. É também ter essa consciência de passagem, transitoriedade. É ser capaz de compreender e agir sobre a realidade que nos cerca. Creio que nós todos, enquanto pertencentes a um grupo, a uma ideia, aos nossos sonhos, carregamos algumas marcas, possuímos algumas características. Quero dizer, basicamente, que somos diferentes. Não somos superiores, nem inferiores. Diferentes, especiais. A forma de estar no mundo, de se portar diante da realidade são suficientes para nos distinguir.
Não estou pregando que todos sejamos heróis, poderosos, artistas. Nada disso. Apenas quero defender e advogar que não podemos, não temos o direito de ser medíocres. Não devemos também enveredar pelo lugar comum. Não ser medíocre e não enveredar pelo lugar comum significam começar a assumir responsabilidades, tentar compreender e se posicionar de forma positiva na sociedade.
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Não estamos apenas construindo sonhos; estamos construindo caminhos, novos tempos. E é na possibilidade de um novo tempo que reconstruímos as nossas utopias e as nossas crenças. O movimento Geração Xmais, para nós, vem num novo tempo que acreditamos sonhar juntos. É nesse novo tempo que acreditamos não precisar lamentar os erros nem louvar os acertos. É num novo tempo que vamos descobrir que ser simples é ser criança. É um novo tempo do ser humano de estar juntos e poder ajudar o outro. Por fim, reafirmamos nosso compromisso de ter dado um passo a mais; o mesmo passo com o qual se recomeça.