Vivemos o século do envelhecer

Anamélia Poggi Por Anamélia Poggi

"Se nossa vida adulta se fez em meio a um crescente individualismo, é nosso grande desafio acreditar na construção de hoje feita no coletivo (Foto: Freepik/Banco de Imagens)

Geral, publicado em 20/09/2019

A Geração Xmais, da qual faço parte, mais vem convocar os candidatos à longevidade, para juntos reprogramarem suas vidas, tomando consciência de que é preciso colocar vida nos anos que estão por vir. Entramos no século da velhice da humanidade, pois somos a primeira geração da longevidade. A pesquisa Tsunamo 60+ apontou o surgimento de um grande telhado branco. Assim, pensemos que as paredes da casa precisarão ser reforçadas para suportar toda a sua amplitude. O padrão de construção, sob novas especificações, respeitando as condições climáticas e atendendo as necessidades dos seus usuários. O espaço urbano onde forem inseridas, deverão ser, além de seguros, regenerativos, como os seus jardins.

Todas as medidas referentes à construção de moradia serão tão mais assertivas quanto mais seguirem decisões coletivas conforme a comunicação não violenta. Qualidade de vida é algo muito subjetivo, mas é comum a todos a necessidade de quebrar velhos paradigmas e trocar valores ultrapassados. Muitos desses valores são responsáveis por repressões desnecessárias.

A quebra de preconceitos quanto ao envelhecer começará em cada um, no que diz respeito ao que se permite ou não fazer em função da idade. Somos autodidatas, pois a geração anterior não nos serve como referência.

Enquanto Baby boomers, carregamos conosco a dureza da guerra, nos levando a valorizar ao máximo: estabilidade de família, moradia e emprego. Se nossa vida adulta se fez em meio a um crescente individualismo, é nosso grande desafio acreditar na construção de hoje feita no coletivo, pelo coletivo.

Foi através do olhar do outro que se formou nossa individualidade e será através do outro que também acontecerá nossa transformação coletiva. Há questões escondidas a se desvendar, experiências a trocar para só então nos apropriarmos como nossas.

Enfrentar o vazio entre gerações e reconquistar a visibilidade social são um caminho a ser trilhado. A perda do lugar de produtivo para o aposentado exige uma nova postura de luta que passa por um corpo de ideias a serem vistas, por um coletivo, que busque através da ação e não apenas um pensar de gabinete.

O bem-estar é um vir a ser construído, e não absorvido, pois isso seria apenas troca de ditadura externa. Desenhar novas formas de viver do consumidor consciente por que sabe o que quer indo para além de objetos.

Quem sou eu hoje mais do que aparência? Quanto à aparência, o que de mim revela? O que desejo revelar? Qual a marca desta Geração Xmais? Coragem de dizer sim ou não, de desejar e buscar realizar os desejos. Coragem de ficar cara a cara com o envelhecer, mas com a liberdade de vê-lo sem ser uma condenação.

Emponderadas pela liberdade de ser por ter enfrentado seus próprios preconceitos, reconhecendo seu instrumental e quebrando suas amarras assumir seu estilo. Não nascemos com um chip para usar na longevidade. Na juventude, não nos preparamos para o envelhecer. Ser um novo velho é um luxo quando descobertos os bens invisíveis.

Além da liberdade, tem a cultivar autenticidade. Da descoberta de si, ao novo estilo de vida. Não se perde tudo que se construiu, mas muito se usará de forma diferente e conveniente. Idosos juntos, um bando, envolvendo-se com a vida, descobrindo mais significados, efeitos simples do compartilhar.

O resultado do que se faz sendo mais do que um simples ato. Não temos tempo para nos enganarmos nem tampouco para nos deixarmos enganar. “Entramos no século da velhice da humanidade”; somos a primeira geração da longevidade.

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